quinta-feira, 24 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007


IMAGEM DE FOTO COLETORES

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Estudo Nuvens
Desenho de Galho (John Ruskin)
Caderno John Ruskin
Esta pesquisa trata da relação entre arte e indústria no século XIX, mais especificamente a arte enquanto uma política industrial com base no ensino do desenho. O seu objetivo é demonstrar a existência de experiências de políticas industrias com base na concepção estética de John Ruskin.

A Exposição Universal de Londres de 1851 foi intensamente comentada em muitos países. Um dos seus críticos mais ferozes foi John Ruskin. Dizia que faltava arte aos produtos industriais. Arte para ele não se restringe ao desenho do produto, mas a relação deste com a organização do trabalho no processo de produção. Não existe estética sem uma ética na lógica ruskiniana e neste caso referia-se a ética do trabalho. Ruskin idealizou uma teoria da natureza composta por um tipo de relação aos elementos naturais com base na política da ajuda mútua. Esse pensamento serviu de alicerce para que tratasse de assuntos como, pintura, arquitetura e economia política.

Essas atividades seriam, conforme esse raciocínio, dependentes umas das outras precisando trocar para existir individualmente. A troca justa é para Ruskin a que mescla os assuntos fazendo com que se inter relacionem. O belo para Ruskin é o justo e este é o resultado de uma relação de ajuda mútua a qual chamou de ética natural ou composição natural.
A obra de Ruskin é composta por escritos e desenhos. O seu assunto principal é uma teoria da percepção. Perceber para Ruskin é ver uma verdade, ou seja, sentir uma ética natural. A visão para Ruskin é sempre uma reflexão causada por associações feitas entre assuntos que não se relacionam diretamente – é a sua lógica da política da ajuda mútua no qual todos são dependentes uns dos outros e precisam se ajudar para existir individualmente.

Ruskin dizia que queria ensinar a ver. Ver para ele, é fazer associações entre assuntos diferentes misturados aleatoriamente acrescidos de memórias de outros tempos e lugares. Para tal utilizou o recurso do desenho e da literatura. O desenho ruskiniano é uma composição de assuntos, memórias, lugares, estilos em busca de unidade. Ruskin dizia que “Turner não pinta aquilo que vê mas aquilo que sente” . Por isso Ruskin não buscou regras para o desenho, queria que o aluno achasse o seu próprio caminho de forma empírica, apenas pedia para que associações entre estilos, assuntos, memórias, experiência de vida etc. fossem feitas.A obra de Ruskin trata de assuntos que normalmente não se misturam. Associou natureza com pintura com arquitetura e com a economia política. A proposta de economia política ruskiniana resulta da associação dos demais temas.Ruskin fez uso de sua concepção de estética que associou a uma ética do trabalho para idealizar uma sociedade voltada ao trabalho. O ecletismo de sua estética deriva de sua concepção de ética do trabalho que parte da opinião e gosto dos trabalhadores. O resultado é uma forma construída coletivamente. Ruskin foi contra a extrema divisão do trabalho que diferencia e hierarquiza quem faz de quem pensa, sendo contra a diferença entre as artes liberais das mecânicas.As idéias de Ruskin para a indústria foram implantadas, dentre outros, por Charles Ashbee (6) no final do século XIX inspirado no movimento Arts and Crafts de William Morris e escritos ruskinianos. Foi uma experiência de propriedade coletiva em forma de cooperativa no qual a administração, a produção, o comércio e o ensino foram realizados pelos próprios trabalhadores. A proposta administrativa baseou-se na política da ajuda mútua, e provavelmente nos dias de hoje seria chamada de administração participativa.A arte na indústria não foi uma invenção do século XIX.

Ainda no século XVIII Bachelier (8) fundou em Paris uma escola para formar trabalhadores com base no ensino do desenho. O Liceu francês associou a teoria à prática através de aulas expositivas com oficinas de trabalho. Bachelier dizia que um bom operário precisa antes de tudo saber desenhar.A superioridade das artes mecânicas sobre as liberais resultou em uma dinâmica chamada por Rui Gama de “a passagem da noção de técnica para a de tecnologia burguesa”. Ruskin identificou essa união na Idade Média, porém ela ocorreu de fato no capitalismo quando o conhecimento teórico se direcionou a produção das atividades da vida material da sociedade (Francis Bacon, século XVII). No entanto, para que isto ocorresse foi necessário que no século XV atividades antes feitas concomitantemente se separassem. A passagem da noção de técnica para tecnologia burguesa ocorreu quando estas atividades voltaram a se relacionar porém, agora, sob uma outra lógica. A teoria, antes uma atividade distante da prática, se torna uma exclusividade desta.A escola de Bachelier fez uso desta noção de tecnologia burguesa ao adotar o ensino das artes mecânicas. O ensino do desenho das artes mecânicas, se tornou na Europa, e também no Brasil do século XIX, uma política industrial. A sociedade voltada ao trabalho foi o seu propósito.A Missão Francesa no Rio de Janeiro veio fundar duas escolas de desenho. Uma para as artes liberais e outra para as mecânicas. O Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro foi fundado em 1856 pelo arquiteto Joaquim Béthencourt da Silva. Queria construir, através da educação, uma sociedade do trabalho. Pretendia alterar uma cultura com base no preconceito ao trabalho manual para uma que a valorizasse. Queria construir uma sociedade do trabalho através da ação do ensino do desenho (9).Rui Barbosa era um leitor de Ruskin (foi encontrada em sua biblioteca particular, hoje Fundação Casa de Rui Barbosa, 11 obras de John Ruskin). No entanto, não é certo dizer que foi um discípulo de Ruskin, pois naqueles tempos não lutava por uma concepção de fábrica ruskiniana, com base na ética do trabalho composto pela política da ajuda mútua, mas pela atividade do ensino do desenho. Embora se sabe que Rui Barbosa conhecesse a fundo a proposta ruskiniana, pois em Lições de Coisas (11) propôs uma educação natural com base no ensino do desenho, ou seja, ele conhecia a concepção de ética do trabalho ruskiniana, diferente de Charles Ashbee que associou o ensino do desenho com a fábrica, Barbosa se restringiu ao tema da educação em instituições de ensino. A política industrial do Brasil, naquele momento, se limitou a atividade do ensino do desenho em escolas.O Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro pretendia constituir, através do ensino, um mercado de trabalho com base na educação da estética. Escola noturna, gratuita e filantrópica quis formar uma classe trabalhadora. A espinha dorsal de seu currículo foi o ensino do desenho. Porém, diferente da Academia Imperial de Belas Artes, o Liceu desprezou o desenho neoclássico adotando o eclético. O seu método de ensino de desenho (12), assim como o de Ruskin, dava liberdade para que o aluno misturasse estilos e criasse novas formas a partir de sua imaginação. Não pretendia formar artistas, assim como a Academia de Belas Artes, mas sim trabalhadores para a construção civil, assim como operários em geral. A Sociedade das Bellas Artes, a sua mantenedora, pretendia transformar a cidade em uma obra de arte. Assim, não apenas os edifícios monumentais ou governamentais seriam feitos com arte, mas também os açougues, as padarias, as lojas de construção civil, as pequenas residências, os cabeleireiros, as papelarias etc., seriam feitos com arte assim como o hoje chamados Corredores Culturais do Rio de Janeiro. Uma cidade desenhada com arte expressava, na opinião de Béthencourt da Silva e Rui Barbosa uma sociedade voltada ao trabalho.A influência das idéias de John Ruskin no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro se deu por aproximações, como por exemplo, o método de ensino do desenho eclético que valoriza o trabalho manual.Não existem documentos que unem Ruskin a Béthencourt da Silva apenas os que o relaciona a Rui Barbosa. No entanto, Rui Barbosa foi membro do Liceu assim como adepto às idéias de Ruskin.A política industrial presente no ensino do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e na Reforma do Ensino Primário de Rui Barbosa associou uma estética eclética a uma ética que valoriza o trabalho. O seu abandono se deu pela adoção de uma outra política industrial, conforme Francisco de Oliveira, implantada nos anos de 1930. Essa política se pautou pela lógica do desenvolvimento desigual e combinado, uma formulação trotskista (13). Francisco de Oliveira diz que o setor terciário e primário foram mantidos em condições de atraso tecnológico para beneficiar o secundário. As relações do trabalho se basearam na exploração e na selvageria. Esta pratica difere da política proposta pelo Liceu assim como Rui Barbosa pois o ensino da estética era associado a uma ética que valoriza o trabalho.O aborto desta concepção de sociedade industrial não significou o fim da relação entre arte e indústria no Brasil, mas sim o fim dessa concepção de estética que agrega uma ética do trabalho compartilhada pelo Liceu de Artes e Ofícios, Rui Barbosa e John Ruskin.A presença das idéias de John Ruskin no processo de industrialização do Brasil, assim como o entendimento de que a obra ruskiniana adquire significados apenas após ser lida como um todo mostra que a opinião corriqueira dos historiadores da arquitetura moderna ao classificarem Ruskin, assim como William Morris e os demais participantes do Movimento Arts and Craft de contrários a sociedade industrial, precisa ser revista.A pesquisa John Ruskin e o Desenho no Brasil abre a possibilidade para a revisão das experiências de indústrias que se basearam na concepção de estética ruskiniana com o objetivo de construir uma sociedade industrial.
Conforme o autor a arte deste século entrou em contato com fatos novos muito diferentes que as sociedades vinham realizando ao longo dos tempos. Voltaremos um pouco no tempo com a Revolução industrial iniciada na segunda metade do século XVIII surgiram as máquinas que deram concretamente ao homem o conhecimento da velocidade e possibilitaram a produção em série, permitindo fazer, inumeras cópias identicas de um único produto. A partir de então, estabeleceu-se uma distinção nitida entre objetos produzidos industrialmente e as obras de arte. Uma obra única feita por um artista, era arte.

O Cinema arte e industria

Está ligado ao modo de produção de uma sociedade. A industria trouxe grandes modificações a sociedade e deu também a obra de arte um novo caracter: ela começa a ser feita dentro do modo de produção capitalista industrial. Por isso pode ser apontado como a expressão mais caracteristica de uma arte criada a partir de descobertas tecnologicas, produzida em série e voltada para o consumo de grandes massas.